quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CORTEJO FÚNEBRE









GUERRA DO TRÁFICO FAZ A 61ª VÍTIMA DO ANO






FOTO: RUBENS SANTANA



Policiais observam o corpo de Érika Alves Pimenta, a 61ª vítima de homicídios no ano. Entre os curiosos, crianças assistem, inocentemente, à crescente estatística da criminalidade em Montes Claros.





A guerrilha do tráfico de drogas imposta pelos matadores a serviço de traficantes voltou com o cortejo fúnebre e eleva para 61 o número de assassinatos em Montes Claros neste ano. Uma mulher foi morta na Rua Dona Tiburtina, Bairro Morrinhos, área central de Montes Claros, na tarde de ontem, terça-feira, e o namorado levou um tiro na mão. De acordo com policiais militares presentes na ocorrência, a morte e a tentativa de homicídio têm ligações diretas com o tráfico.




Segundo informações apuradas no local do crime, Charles Alves Ramos, 24 anos, o Charlinho, ex-morador do Bairro Santa Cecília, onde comandava a distribuição e venda de drogas, havia acabado de chegar com a esposa, Érika Alves Pimenta, 22 anos, na Rua Professor Alves Prates, 112, por volta das 15h, num Fox preto, placa JPU-9707. Ele havia alugado a casa na manhã de segunda-feira, 04, e, no início da noite, esteve ali com a esposa e amigos, supostos traficantes, para limpar a casa onde iria morar e, provavelmente, inaugurar uma nova boca de fumo.


Moradores contam que um dos matadores estava em frente à casa que a vítima acabara de alugar, com a cabeça baixa, à espera do momento certo de agir. Outro matador estava do outro lado da rua. Provavelmente, o casal havia acabado de estacionar o carro quando Charlinho viu um dos matadores manusear uma pistola e correu para dentro da casa. O bandido atirou uma vez e acertou a mão de Charlinho. Este trancou a porta e deixou a esposa pelo lado de fora.




A mulher correu rumo à Rua Dona Tiburtina. O matador descarregou a pistola ponto 40 no corpo de Érika. Ela morreu na hora. Ao lado do corpo, diversas cápsulas ponto 40 deflagradas podiam ser vistas pela grande quantidade de curiosos que rapidamente se formou no local.





Policial cobre o corpo da vítima, à espera da perícia técnica.




Há informações de que traficantes sob o comando de Waldemir Tavares da Silva Filho, o Marlboro, não gostaram que Charlinho alugasse uma casa no Bairro Morrinhos, e que provavelmente ele pretendia instalar a facção de Demostenes Sostenes Rodrigues dos Santos, o Ninha, no local pertencente ao rival.


Segundo um policial civil que preferiu não ter o nome o divulgado, o Bairro Morrinhos já foi dominado pelo traficante Ninha, preso na penitenciária de segurança máxima de Catanduvas-PR. Em meados de 2007, quando a guerrilha se intensificou na cidade e surgiu a facção comandada por Marlboro, este, com seus comparsas, tomou a boca pertencente a Ninha.




Ninha se viu obrigado a migrar para a periferia da cidade, sobretudo para o Bairro Santa Cecília, onde tinha como gerentes e soldados: Alemão, o Arilson Katrinck, Zeca e Charlinho. Estes últimos, ainda de acordo com o policial, são suspeitos da autoria de vários homicídios.





CHARLINHO ESTAVA FORAGIDO E JÁ FOI BALEADO PELOS RIVAIS


Charles Alves Ramos, o Charlinho, foi vítima de uma emboscada armada pelos matadores da facção rival. Na noite do dia 22 de novembro do ano passado, dois bandidos numa moto se aproximaram do local onde estava Charlinho e atiraram diversas vezes. Uma mulher e um adolescente foram vítimas dos tiros. Diversos disparos acertaram Charlinho. Ele não morreu, mas ficou numa cadeira de rodas por vários meses.




Além de tentarem matar Charlinho, há informações de que traficantes o expulsaram, juntamente com comparsas, da região do Grande Renascença. Agora, pela segunda vez Charlinho é alvo da disputa pelo comando do tráfico de drogas.

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